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Carta de Antero ao Marquês d'Ávila

Antero de Quental, num texto famoso publicado em 30 de junho, intitulado "Carta ao Ex.mo Senhor José D´Ávila, Marquês de Ávila, Presidente do Conselho", escreve: "A Portaria com que V.Ex.ª mandou fechar a sala das Conferências Democráticas, é um acto não só contrário à lei e ao espírito da época, mas sobretudo atentório da liberdade do pensamento, da liberdade da palavra, e da palavra de reunião, isto é, daqueles sagrados direitos sem os quais não há sociedade humana, verdadeira sociedade humana, no sentido ideal, justo, eterno da palavra. Pode haver sem eles aglomeração de corpos inertes: não há associação de consciências livres. Ex.mo. Sr.: nem eu nem V.Ex.ª passaremos à história: e muito menos as ineptas portarias que V.Ex.ª faz assinar a um rei sonâmbulo. Mas supondo por um momento que alguma destas coisas possa passar ao século XX, folgo de deixar aos vindouros com este escrito a certeza duma coisa: que em 1871 houve em Portugal um ministro que fez uma acção má e tola, e um homem que teve a franqueza caridosa de lho dizer".

O texto é de tal forma contundente que há quem admita que o ministro, abandonando o Ministério pouco depois (o governo caiu), nunca mais esqueceu a estocada do seu conterrâneo - ambos eram açorianos: Antero de Quental era natural de Ponta Delgada e António José de Ávila (Marquês de Ávila e Bolama) era natural da Horta. O rei sonâmbulo, referido na carta aberta de Antero de Quental era D. Luís.

//Júlio Silva


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