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O Enigma Do Oculto


Tudo começou quando chegou uma caixa pelo correio, ao que tudo indicava era para mim, pois constatava lá o meu nome, mas era apenas isso, uma caixa embrulhada num papel cor de cartão, com o meu nome. Sem remetente, sem nada. Levo a caixa para o meu quarto e começo a desembrulhar o papel que a cobre. Quando acabo de desembrulhar a caixa, deparo-me com uma caixa de sapatos. Abro a caixa para revelar os sapatos, mas apenas encontro um walkman com uma fita cassete e uns fones de ouvido. Fico um pouco sem reação, mas decido ir até à minha secretária sentar-me e ouvir o que possuí aquela cassete. Aperto o play. ⏯Primeiro, tudo o que ouvires aqui vais ter que em manter segredo, pois eu oiço tudo, vejo tudo e num ápice posso fazer a tua pessoa desaparecer deste mundo; segundo aqui só à uma regra, que é, escutas e executas. ⏯

Pauso a cacete e jogo o walkman na minha secretária, afastando-me daquela zona, suspiro e alguém bate à porta.

- Estás bem filho? – Oiço a minha mãe perguntar do outro lado da porta.

- Não… - respondo, mas reformulo apressadamente – espera, não foi isso que quis dizer, eu estou bem, foi só um susto, nada de mais.

Vejo que ela se foi embora e logo me recomponho, indo novamente até à secretária, coloco outra vez os fones nos ouvidos e a aperto o play.

⏯O que estás prestes a fazer podemos chamar de... jogo. E para começar vais ter que recolher a pista, dentro da caixa possuis um mapa e nele tens marcados vários pontos, e podes te deslocar até ao ponto A1 que tens lá uma coisa à tua espera, para encontrares deves, Olhar para onde ninguém olha. ⏯

A cassete termina, e eu fico com a respiração acelerada, vasculho a caixa em busca do mapa e sem dar explicações saio de casa em plena noite. Pego o meu skate e desloco-me até ao ponto A1, quando lá chego vejo que estou perante uma árvore, ligo o flash do meu telemóvel e começo em busca pelos sítios que ninguém olha, até que encontro uma mini caixa no meio de uma cavidade da árvore. Pego a caixa a abro e vejo que têm outra cassete, ponho no walkman, e começo a escutar enquanto volto para casa.

⏯ Ótimo chegas-te à tua primeira pista, mas prepara-te que o jogo vai ficar bem sério, na próxima pista vais ter que enfrentar o que talvez não possamos de chamar de agradável. Desloca-te para B2 e terás lá uma coisa à tua espera. ⏯

A cassete termina no mesmo momento que chego a casa, e isto por volta da meia noite e meia. O plano para a segunda pista era sair da escola e me deslocar até ao ponto B2, e foi isso que fiz.

No dia seguinte após a escola desloquei-me de skate até ao ponto B2, era uma loja de conveniência abandonada, mas eu não tinha opção a não ser entrar, aquela loja estava num estado intragável, mas algo parecia novo ali, uma caixa exatamente no centro da loja, tapada com um pano, dirijo-me lentamente até à caixa. Destapo a caixa e encontro mais uma pista igual à anterior, mas esta, estava cercada por larvas. Meto a minha mão gentilmente dentro da caixa e pego a pista com alguma rapidez. Saio daquele lugar e sigo em direção a casa o mais rápido possível.

Algum tempo depois, oito cassetes mais exatamente, chega a hora da próxima pista que se situava no ponto H9 numa casa abandonada, que em tempos antigos pertencia a uma família com posses económicas muito elevadas. Numa tarde, depois da escola dirigi-me até aquela casa, era uma casa com alguma dimensão, que se situava num monte pertencente à mesma família, a casa já se encontrava num estado de degradação muito avançado, com janelas partidas, telhas a cair do telhado com alguma regularidade e já sem portas. Entrei na casa com alguma cautela e comecei por explorar a parte de baixo da casa, encontrei alguns grafitis com assinaturas e desenhos abstratos nas suas paredes e moveis partidos por todo o lado, mas logo veio à minha mente uma frase que a voz misteriosa da cassete me tinha dito, pego na cassete e rebobino até essa parte. Volto a reproduzi-la.

⏯ A casa pode ser grande para procurar alguma coisa, mas existe um sítio onde os ricos não costumam entrar, um sítio em que os empregados guardam coisas que não são suas. ⏯

Ao ouvir novamente aquela parte da cassete lembro-me que uma vez a minha mãe me disse que os ricos não têm o costume de entrar no sótão, pois os seus criados é que guardavam lá as coisas que os seus senhores já não queriam na casa. Após isso decido então subir umas escadas poeirentas que me levaram para o primeiro andar da casa, um andar com quartos já sem portas e coisas espalhas por todo o lado. Ando um pouco e encontro uma porta que têm um letreiro meio apagado, mas que tinha escrito sótão a letras brancas, abro a porta lentamente e entro. Ao entrar deparo-me com um sótão todo sujo e cheio de objetos espalhados por todos os cantos, mas um lugar em especifico despertou a minha imensa curiosidade. No centro daquele sótão encontrava-se, um cadeirão antigo com uma mesa ao seu lado que continha uma caixa diferente de todas as outras, mal eu sabia que aquela caixa iria mudar a minha vida completamente. Não sei o porquê, mas naquele instante veio à minha mente uma frase que é “A morte pode estar do teu lado”, mas logo limpei a minha cabeça desses pensamentos.

Todo o sótão estava a ser iluminado apenas por uma luz de candeeiro que se situava na mesa onde estava aquela caixa situada. Chego a


té lá lentamente e pego a caixa com cuidado abro a mesma e retiro mais uma cassete. Olho para ela e reparo que é diferente de todas as outras, pois têm um circulo vermelho desenhado. Ponho a fita cassete no walkman, coloco os fones nos meus ouvidos, sento-me no cadeirão e aperto play.

⏯Quem dira que o fim deste jogo está próximo… muito próximo e acho que já está na hora de saberes quem sou eu, o dono desta voz que se tornou num martírio do teu ser nestas últimas semanas…. Digamos que há muito tempo atrás a tua mãe namorava um rapaz, e ambos eram muito felizes até chegar alguém que arruinou essa felicidade, e esse alguém é o teu pai e o rapaz sou eu… e agora estou aqui para tirar aos teus pais aquilo que eles mais amam, porque eles não merecem nada do que têm. ⏯

A cassete para e no mesmo instante em que alguém de um andar frio e silencioso se aproxima do meu corpo, de forma a não ser notado por mim. Essa pessoa apodera-se do meu inofensivo corpo sem me dar tempo algum de reagir. Numa fração de segundos vejo tudo escurecer à minha volta e num movimento apenas o meu corpo caí no chão sem destino, parando apenas quando entra em contacto com a superfície poeirenta do chão.

Já não sinto nada, já não falo vejo nada, já não oiço nada para além da minha voz interior a dizer:

Cinco, Ele segura a arma, quatro, contra a minha cabeça, três, eu fecho os meus olhos, dois, e bum, um, estou morto. A arma foi-se e com ela também eu me fui.


FIM


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