No Meio De Uma Frase
No meu corpo onde a juventude não morre e o espírito desperta a cada viagem, embarco em mais uma, mas esta para um sitio diferente. Com destino marcado para Miami, faço check-in e sigo para dentro do avião.
A viagem foi relativamente pacifica, houve apenas alguns problemas, mas logo se resolveram. Já tinha passado algum tempo e ao olhar para o monitor que se encontrava instalado nas costas do banco da frente, reparo que já passamos metade do atlântico e que já só faltava passar o triângulo das bermudas, mas logo fico distraído
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ao ver a hospedeira de bordo passar no corredor onde me encontro sentado. Chamo a hospedeira, que vêm até à minha direção, e quando a vejo relativamente perco, cerca de uns 3 metros, peço um café expresso e recomponho-me para fazer o resto da viagem na maior tranquilidade.
No meu lado direito tenho sentado um senhor que aparenta pertencer ao ramo da economia, pois estava a analisar uns gráficos no seu notebook que aparentavam estar ligados a contas de bancos e offshores. E no meu lado esquerdo, depois do corredor por onde os passageiros passam, estava uma adolescente com cerca de vinte e sete anos e com talvez um e sessenta e cinco de altura. A rapariga parecia estar interessada num trio de rapazes se se situava um pouco mais à frente dos bancos onde me situava, e devido ao facto de estar muito focada nos rapazes deixa deslizar por entre os seus dedos, o seu telemóvel, que cai no chão no avião.
Ao ver o que tinha acontecido, levanto-me delicadamente do meu banco e pego no telemóvel, sem causar algum ruido, pois como estava na parte Premium do avião, não convinha incomodar as pessoas que procuravam repousar e ajustar o seu sono com o fuso-horário. Após ter recolhido cuidadosamente o telemóvel do chão e sento-me no meu banco onde pego o meu lenço e limpo o ecrã do mesmo, certificando-me se este possuía algum risco, mas felizmente esta como novo. Procuro chamar a atenção da rapariga que nem reparou que deixou cair o seu telemóvel no meio do chão do avião.
- Moça, eu sei que estamos a alguns quilómetros de altitude, mas devias descer à terra que na lua onde estás vais te dececionar – Digo enquanto entrego o telemóvel – tens que estar atenta, pois o teu telemóvel caiu ao chão e tu nem tinhas reparado.
- Mas quem és tu, para me dirigir a palavra? – Pergunta ela enquanto certifica-se que o seu telemóvel não possuí dano algum.
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- Daniel Silvério, doutorado em Relações Internacionais e Ciências Humanas, e pelo que estou a ver, acho que devias pensar em mudar os teus gostos, porque primeiro, estás a ver aquele moço ali da direita – digo enquanto aponto para ele ligeiramente de modo a que ninguém perceba – ele é rapaz de dinheiro, mas nem sabe comprar uns sapatos sozinhos, pois analisando o seu comportamento durante a viagem pareceu muito dependente dos outros; o do meio, esse nem se fala, se reparares está como escravo dos outros dois pois faz tudo o que os colegas pedem; e o ultimo esse ai só de olhar vê-se que é um caso perdido, uma alma penada. Mas e tu como é o teu nome? – pergunto enquanto ajeito-me no meu assento.
- Catarina Duarte, estudante de direito, mas onde tiras-te tu essas analises todas se nem os conheces?
- Estudas direito, mas os teus olhos em relação a rapazes estão todos tortos. Mas falando agora seriamente, só pelas suas ações consegues deduzir uma variedade enormíssima de fatores que te levam a chegar as conclusões que te disse anteriormente. – Falo enquanto bebo um gole do meu café. – E para além do mais, onde estas a por os olhos agora já eu lá pus cinquenta vezes.
- Então quer dizer que já foste à fonte! – exclama ela com um tom de brincadeira.
- Não filha, isto quer dizer que pessoas mimadas como aqueles há muitas e só não quero…
No momento em que estou a falar o avião começa a fazer uns barulhos estranhos, fora do normal na minha opinião, e logo as mascaras de oxigénio caem sobre o nosso colo. A coloco rapidamente e tento permanecer calmo, mas devido à situação que se estava a passar não sei que calmo é como consigo ficar agora.
Quem diria que a nossa vida de um momento para o outro pode simplesmente terminar no meio de uma
À medida que os sons que preenchiam o espaço por de entre os gritos das pessoas em pânico, eu tentava acalmar as pessoas, mas tudo isso acabou quando começo a sentir uma força maior a puxar-me para o teto no avião. O avião caia a uma velocidade que naquele momento era indeterminável, e os corpos das pessoas eram arremessados para o teto do avião devido à inercia criada.
Não sei o que aconteceu, nem porquê, mas tentei o mais rápido possível tentar lutar contra aquela força até chegar ao pé da Catarina. E foi mal cheguei ao pé dela, que sentimos, sentimos aquele choque de forças. Quando o avião embateu contra a água, várias peças saíram e o avião lentamente começou a desintegrar-se no mar. Por obra de Deus Nosso Senhor, eu ainda estava vivo, e a Catarina também, pois conseguimos segurar-se a umas partes do avião que flutuavam. A tensão estava ao rubro naquele momento, o meu coração batia com uma velocidade tão rápida que já nem se podia chamar descontrolada. Esperei recompor-me enquanto a Catarina fazia o mesmo, isto sempre em cima de uma parte do avião.
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Ao nosso redor, só conseguia ver fumo, água misturada com sangue e pessoas que perderam a única chance de viver que Deus lhes tinham dado. Parecia um inferno, ou não. Parecia um talho onde a água era a mesa do talhante. Muitas das pessoas que estavam nessa mesa já nem tinham partes do seu corpo, pois os destroços do avião os tinham corto.
Passou-se algum tempo, talvez uns vinte minutos e o silêncio reinava naquele mar, nem eu nem a Catarina reproduzíamos algum som, sem ser o som do choro e das lágrimas que nos corriam pela cara. As ondas no mar naquele instante estavam calma e levavam-nos com elas.
Num abrir e piscar de olhos o pedaço de avião onde estamos sentados embate em algo, e quando eu e a Catarina olhamos para a razão de termos parado apenas ficamos incrédulos, nos colocámos de pé e demos graças a tudo quanto é infinito, por termos dado à costa a uma ilha.
Saímos da plataforma onde estávamos e começamos a explorar a pequena ilha em busca de recurso, encontramos alguns mantimentos para nos alimentarmos e bebemos água potável que se localizava num pequeno poço daquela ilha.
O que acontece a seguir… apenas o tempo o dirá.