Antero de Quental
Antero Tarquínio de Quental (1842 - 1891) nasceu na ilha de S. Miguel, Açores e desde jovem se destacou pelas suas opiniões revolucionárias e pelo seu espírito lutador.
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Antero espalhou saber pela poesia, filosofia e política. O açoriano estudou Direito na Universidade de Coimbra, onde foi uma referência como líder estudantil. Foi o guia espiritual da geração de 70 e um agitador político, que se afirmou pelo desejo de intervenção e renovação da vida política e cultural portuguesa. Tinha uma personalidade complexa, que oscilava entre a euforia e a mais profunda depressão. Antero de Quental herdou em 1873 uma quantia considerável de dinheiro, o que lhe permitiu viver de uma forma desafogada. Em Julho de 1855 foi estudar para Coimbra, tendo-se matriculado na Faculdade de Direito em 1858, onde o primeiro ano decorreu de uma forma atribulada. Um excesso cometido durante a praxe aos caloiros custou a Antero de Quental oito dias de prisão. Tendo sido muito popular no meio académico, Antero concluiu o curso em Julho de 1864.
Foi um dos principais envolvidos na Questão Coimbrã, lançando ataques a António Feliciano de Castilho, seu antigo professor e reconhecido crítico literário que se tinha por cânone para os escritores nacionais, com o livro Odes modernas. Castilho respondeu com críticas duras sobre o aventureirismo de um jovem tolo que escrevia de forma assaz estranha e de gosto muito duvidoso. Antero respondeu com o opúsculo Bom senso e bom gosto, definindo a sua literatura por oposição à instituída. Ao Ultra-Romantismo decadente, beato, estupidificante e moralmente degradado, Antero opunha o Realismo, a exposição da vida tal como ela era, das chagas da sociedade, da pobreza, da exploração. Estas preocupações sociais levaram-no a co-fundar o Partido Socialista Português: Antero defendia a poesia como Voz da Revolução, como forma de alertar as consciências para as desigualdades sociais e para os problemas da humanidade. A polémica só terminou com um duelo entre Antero de Quental e Ramalho Ortigão, que se saldou com ferimentos ligeiros.
Em 1866 foi viver em Lisboa, onde experimentou a vida de operário, trabalhando como tipógrafo. Uma profissão que exerceu também em Paris, em 1867. Em 1868 regressou a Lisboa, onde formou o Cenáculo, de que fizeram parte, entre outros, Eça de Queirós e Ramalho Ortigão. Em 1874 adoece de psicose maníaco-depressiva, acabando por se suicidar no dia 11 de Setembro de 1891, com um tiro na cabeça disparado num banco de jardim.
Para Antero de Quental, os ideais da fraternidade e solidariedade não poderiam ser em vão. Foi dos primeiros a trazer o socialismo, o republicanismo e o marxismo para a discussão pública.