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Poesia Garretiana

João Batista da Silva Leitão de Almeida Garrett nasceu no Porto, em 1799.Aos dez anos, em razão de guerras napoleónicas, é levado para a Ilha Terceira (Açores), onde faz os primeiros estudos. Em 1816, segue para Coimbra, para tirar o curso de Direito e compor poemas de sabor arcádico mais tarde reunidos no volume Lírica de João Mínimo (1829), e tentar o teatro.

Em poucas palavras, poesia garrettiana constitui uma espécie de reportagem biográfica, demasiado fria e calculada para ser grande poesia e apontar uma especial inspiração no género: a poesia quer-se "fingida" para se erguer e permanecer. Não obstante, o mais significativo da poesia garrettiana está na segunda fase, em que explora temas medievais e quinhentistas (D. Branca, Adozinda, Camões), populares e folclóricos (Romanceiro e Cancioneiro Geral) e lírico-amorosos (Flores sem Frutos e Folhas Caídas). Garrett, e a sua Poesia Poesia Garrettiana Em qualquer hipótese, uma preocupação contínua, a de impedir que o sentimento mais profundo venha à superfície desembaraçado e quente, Garrett enrijece os seus poemas: dir-se-ia que o poeta pensa o modo como vai dizer o que sente, em vez de apenas transmitir os seus estados de alma ou então, pensá-los ao modo pessoano de “omitir seus estados de alma”. É indiscutível, todavia, que o produto desse procedimento calculado constitui valioso documento de sinceridade humana e literária, medida em que é possível em tais casos. mais Poesia Garrettiana A poesia, neste caso, tornou-se o 'veículo ocasional', mas excessivamente limitador, de um sentimento que só à viva voz se transmitiria com toda a eloquência. À paixão que nela se confidencia falta um pouco de angústia, intelectual ou sentimental, para tornar a poesia ainda mais densa enquanto transbordamento afetivo. Não obstante, é uma poesia de nervo, viril, tendo por base uma experiência verídica do trato amoroso. Com ela, Garrett cria a melhor poesia do Romantismo, até o aparecimento de João de Deus de Nogueira Ramos que foi considerado o poeta do amor. Nas características formais Garrett tinha liberdade quanto à estrutura estrófica, liberdade quanto à métrica, linguagem coloquial e espontânea. Poesia Garrettiana Dessa fase, o melhor está, sem dúvida, nas Folhas Caídas (1853), última das obras líricas de Garrett e inspirada na paixão por Rosa de Montúfar, Viscondessa da Luz. Mercê da intensidade passional e do amadurecimento dos recursos de expressão, o poeta atinge o cume da sua intuição lírica, tornando-se o mais romântico que pôde. O resultado é que a obra acaba por ser um atestado eloquente do espírito romântico em matéria de relação amorosa. Entretanto, compromete-lhe a pureza e a harmonia do sentimento certa pose, certo artificialismo envaidecido, que procederia de sua formação arcádica, da preocupação de fazer poesia de corte e conquista donjuanesca, ou da medular incapacidade que tinha Garrett de ser inteiramente romântico. Poesia Garrettiana com: Folhas Caídas A confissão da torturante paixão (tao mais torurante quanto mais sabemos que a Viscondessa da Luz não foi fácil conquista...) estadeia-se completa, inclusive com o áudio de cartas (Cartas de Amor à Viscondessa da Luz, publicadas em 1955), embora dissimulada por expressões convencionais ou o próprio comedimento imposto pelas relações sociais entre pessoas de boa educação. Este livro escandalizou a sociedade da época, na medida em que revelava, com exibicionismo, esses amores ilícitos, mas que constitui afinal a grande inovação do lirismo romântico. Nas Folhas Caídas, o seu último livro de versos e aquele em que a vida e a poesia estão intimamente ligadas, a ponto de escandalizar e simultaneamente apaixonar os leitores da época, Garrett liberta-se completamente da formação arcádica e compõe uma obra inovadora e moderna, tanto pelo conceito de amor que nela canta, como pela métrica, inspirada na poesia popular, com predomínio da redondilha maior e menor, e o emprego de novos recursos estilísticos, por exemplo a sinestesia; mas, sobretudo, pelo tom direto, emotivo e coloquial.

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