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Teatro Nacional de D. Maria II

Em 1836 surge a ideia por parte do Governo Civil de Lisboa e do rei de materializar um teatro dramático. A Almeida Garrett e à sua persistência se deve, em grande medida, a concretização do projeto e a sua localização no Rossio, em pleno coração da vida lisboeta, em cujo cenário se desenha o triunfo duma burguesia liberal, polida e refinada, mas simultaneamente austera, nascida da crescente industrialização e sob o pano de fundo da Regeneração.

Garrett, nomeado inspetor geral dos "Teatros e Espectaculos Nacionaes", redige um ofício ao governo do Reino, datado de dezembro de 1836, solicitando o Palácio do Tesouro, ao Rossio, para as instalações do teatro. Luigi Chiari foi o arquiteto escolhido para o 1.º projeto que, rapidamente, foi abandonado; embora tivesse muita qualidade, este era extremamente oneroso. Por vicissitudes políticas, somente em 1840, com Garrett já deputado, se renovaria a ideia do teatro. Cria-se uma comissão promotora da construção do edifício, escolhendo-se o antigo Palácio dos Estaus, ao Rossio. Abre-se um concurso internacional, cujo júri recusa os seis projetos apresentados. Fora de prazo surge um projeto de ótima qualidade, de Fortunato Lodi, contestado por Garrett e Herculano, que não viam com bons olhos a intervenção dum artista estrangeiro. Graças ao Conde de Farrobo, cunhado de Lodi, o projeto vence com a aprovação do governo. Começa a ser construído em 1843, sendo terminado em 1846, por altura do aniversário de D. Maria II. Apesar da sua grande qualidade e plasticidade, estamos perante um edifício que já não é puramente neoclássico. A fachada principal apresenta um pórtico hexastilo coroado por frontão onde se inscrevem as armas reais, posteriormente substituídas pelo grupo "Apolo e as Musas", de Francisco Rodrigues e Manuel da Fonseca, rematado por estátuas dos mesmos artistas. De um modo geral, a linguagem arquitetónica assenta as suas bases na gramática neoclássica - estrutura de templo romano, uso de silharia de junta fendida, divisão tripartida do edifício -, embora se verifique uma grande liberdade criadora, orientada por um certo gosto de opulência. O friso não se enquadra na tradição jónica, as pilastras perdem o seu carácter robusto ao sobreporem-se com delicadeza sob a silharia. O edifício é constituído de pedra liós e mármore branco e rosa, numa linguagem eclética sem grandes preocupações de natureza académica, embora sob o signo do neoclassicismo.

Nos anos 70 do nosso século, o edifício foi reconstruído, na sequência de um incêndio que lhe devastou o interior e o magnífico recheio, subsistindo apenas as fachadas. Projetada para um milhar e meio de espectadores, a sala ostentava uma galeria enriquecida por tubos acústicos usados pelos espectadores, das três ordens de camarotes, para chamar os criados do botequim. A decoração de motivos dourados sobre fundo branco rivaliza com o teto pintado por Manuel da Fonseca, mais tarde ornamentado com pinturas de Columbano. O Salão Nobre estava sobre o átrio de entrada, onde se localizavam a bilheteira e o botequim. Em 1978 reabriu ao público, reconstruído e modernizado em relação à anterior estrutura: as oficinas de construção e montagem de cenários são subterrâneas e o palco é rotativo e possui elevador. Na cave estão o arquivo e respetiva biblioteca e, no último piso, a "sala experimental".

//Infopédia


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