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João de Melo - Gente Feliz Com Lágrimas

João de Melo: João de Melo nasceu nos Açores no ano de 1949, ou seja, atualmente têm 68 anos. João de Melo completou o ensino primário nos Açores, mas após o ter concluído fez o resto dos seus estudos no continente. Em 1967, João de Melo passou a residir e a trabalhar em Lisboa. Após participar na guerra colonial em Angola entre os anos de 1971 e 1974, foi crítico literário e editor de autores portugueses. João de Melo frequenta a Universidade de Lisboa onde posteriormente em 1981 fica licenciado no curso de Filologia Românica. João de

Melo também foi professor dos ensinos secundário e superior durante alguns anos. Entre 2001 e 2010, João de Melo foi convidado pelo governo português para ocupar o cargo de conselheiro cultural junto da embaixadora de Portugal em Espanha. Em 2003, na cidade de Madrid, João de Melo criou o maior evento cultural português fora das fronteiras, chamado a “Mostra Portuguesa”, e teve 7 edições anuais deste evento nos anos de 2003 e 2009. Uma coisa é certa em relação a João de Melo, é que Portugal nunca tinha promovido tanto a nossa cultura em outro país, se não no período em que ele desempenhou as funções de conselheiro cultural em Espanha. João de Melo é um autor de obras de ficção, ensaios, antologias, poesia, livros de crónicas e de viagem, críticas literárias, entre outros. João de Melo relativamente à escrita colaborou em A Memória da Água-Viva, Aresta, África, Colóquio/Letras, Vértice. Também preparou uma Antologia Panorâmica do Conto Açoriano, dos séculos XIX e XX, em 1978, e uma antologia literária da guerra colonial (onde participou como acima referido), Os Anos da Guerra: 1961-1975. Falando agora dos ensaios, João de Melo inclinou-se sobre a produção literária açoriana contemporânea. Refletindo em A Memória de Ver Matar e Morrer e Autópsia de um Mar em Ruínas a experiência pessoal na guerra colonial, entre 1971 e 1974, no âmbito da reescrita de uma história genesíaca e civilizacional universal para a qual concorrem vários registos de discurso.

Obra Gente Feliz com Lágrimas: A obra Gente Feliz com Lágrimas, foi classificada como um romance, e foi o terceiro de João de Melo. O livro foi publicado em 1988 e recebeu logo um prémio em 1989, o Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores, e posteriormente mais quatro que são: Prémio Fernando Namora, Prémio Cidade de Lisboa/ Eça de Queiroz, Prémio Cristóbal Colón das Cidades Capitais Ibero-americanas e Prémio Livro do Ano da Antena 1. Este romance foi traduzido em várias línguas tendo como principais o inglês, o francês, o italiano e o holandês, e teve uma adaptação para teatro pelo grupo O Bando e teve também uma mini série de televisão (5 episódios). A obra Gente Feliz com Lágrima, têm como base de localização a Ilha de S. Miguel, ou seja, no arquipélago dos Açores, e pela minha leitura creio que a história se passa nos anos sessenta, onde maior parte dos acontecimentos dizem respeito à infância das personagens Nuno Miguel, Luís Miguel e Maria Amélia. E os três personagens ao longo da história, narram esses mesmos acontecimentos e podemos observar esse aspeto nos saltos temporais, pois os três personagens avançam e recuam no tempo ao longo da narração. Logo no inicio da historia é nos dado a conhecer a perspetiva de “qualquer um deles”, e ao longo deste inicio somos logo confrontados com a violência que o Nuno Miguel e os irmãos sofreram durante a sua infância. E eram completamente obrigados pelos pais a fazer trabalhos pesados e eram agredidos pelos pais, passavam fome. Isto que reflete, no meu ver, a maturidade das personagens logo na infância, pois foram praticamente obrigadas a crescer como podemos ver logo no inicio em que Maria Amélia ficava em casa a tomar conta dos irmãos. O Nuno Miguel posteriormente quando crescido, vai viver para o Continente para entrar num seminário e poder assim fugir da sua casa que parece um inferno. Já a Maria Amélia vai para um convento, mas ambos são humilhados e postos numa vida de luta, tanto no seminário como no convento. Mais tarde a Maria Amélia decide abandonar o convento e ir para uma escola de enfermagem, que era o que ela desejava. Já o Nuno Miguel acaba por ser expulso do seminário, e começa ai a sua transformação. Mas qual transformação? O Nuno Miguel começa a interessar-se pela política e a história se passa na época da ditadura do Estado Novo, mas mesmo assim o Nuno Miguel vai juntar-se à oposição, pois ele diz que o seu desejo é ser um preso político. Mais tarde, em termos de narração, podemos notar que o Nuno Miguel começa a ter uma personalidade filosófica e literária. Já o Luís durante a história voluntaria-se para a tropa e é enviado para a guerra em Guiné. Nas restantes partes do enredo da história, é nos narrado que todos os irmãos estão a morar no Canadá, e posteriormente os pais do Nuno Miguel e dos irmãos acabam por também se mudar para o Canadá e por lá ocorre o seu falecimento. O Nuno Miguel acaba por se casar com uma mulher chamada Marta, a mulher que ele sempre quis, mas depois ele acaba por se desapaixonar por ela. E o Nuno Miguel juntamente com o resto dos seus irmãos acabam por viver uma felicidade que nunca poderá ser livre de lágrimas, são todos “gente feliz com lágrimas, pois eles no final do enredo vivem sim já felizes, mas com as memórias das suas infâncias gravadas no pensamento.

Crítica à obra: Esta obra foi a minha escolhida pelo seu título, pois foi um título que me despertou curiosidade em saber o que se ia passar durante a história. O livro Gente Feliz com Lágrimas foi uma obra que retratou com muito realismo e veracidade a época retratada e os comportamentos sociais. É uma obra que está escrita numa linguagem rica e poética, que a torna ainda mais angustiante e verdadeira. Durante a leitura pode se observar várias palavras e frases escritas noutra língua, nomeadamente o inglês e o francês. Possui uma leitura um pouco complexa ao qual os detalhes que possui estão muito bem desenvolvidos e organizados. E todos os prémios que a mesma teve a honra de receber foram muito bem entregues. Miguel Torga realizou uma crítica a esta obra, que resume muito bem esta obra. A crítica foi retirada da CARTA DE 7/5/1989 e têm escrito o seguinte: “Gente Feliz com Lágrimas é um belo romance, bem concebido e bem escrito, denso, impiedoso e dorido, recheado de cenas surpreendentes. Os Açores, e as letras pátrias, estão de parabéns por esta grande epopeia de amor e lucidez.”

Obras Citadas: MELO, JOÃO DE. Gente Feliz com Lágrimas. Lisboa: BIS, 2010. Meio de Leitura: Impressão TORGA, MIGUEL. Carta de 7.5.1989: Meio de leitura: online


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