top of page

Textos

   Informativos

     e        Biografias

Fernando Pessoa - Biografia

|Portal da Literatura|

Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em 1888, em Lisboa, e morreu em 1935. Passou nove anos da sua infância em Durban, na colónia britânica da África do Sul, onde o seu padrasto era o cônsul. Tinha cinco anos quando o pai morreu de tuberculose. Tornou-se num rapaz tímido e cheio de imaginação, e num estudante brilhante. Pouco depois de completar 17 anos, voltou a Lisboa para entrar no Curso Superior de Letras, que abandonou depois de dois anos, sem ter feito um único exame. Preferiu estudar por conta própria na Biblioteca Nacional, onde leu livros de filosofia, de religião, de sociologia e de literatura.

Publicou o seu primeiro ensaio de crítica literária em 1912, o primeiro texto de prosa criativa (um trecho do Livro do Desassossego) em 1913, e os primeiros poemas de adulto em 1914. Vivendo por vezes com parentes, outras vezes em quartos alugados, Pessoa ganhava a vida fazendo traduções ocasionais e redacção de cartas em inglês e francês para firmas portuguesas com negócios no estrangeiro. Embora solitário por natureza, com uma vida social limitada e quase sem vida amorosa, foi um líder activo da corrente modernista em Portugal, na década de 1910, e ele próprio inventou alguns movimentos, entre os quais um «Interseccionismo» de inspiração cubista e um estridente e semi-futurista «Sensacionismo». Pessoa manteve-se afastado das luzes da ribalta, exercendo a sua influência, todavia, através da escrita e das tertúlias com algumas das mais notáveis figuras literárias portuguesas.

Respeitado em Lisboa como intelectual e como poeta, colaborou regularmente em revistas, algumas das quais ajudou a fundar e a dirigir, mas o seu génio literário só foi plenamente reconhecido após a sua morte. No entanto, Pessoa estava convicto do próprio génio, e vivia em função da sua escrita. Embora não tivesse pressa em publicar, tinha planos grandiosos para edições da sua obra completa em Português e Inglês e, ao que parece, guardou a quase totalidade daquilo que escreveu.

Em 1920, a mãe de Pessoa, após a morte do segundo marido, deixou a África do Sul de regresso a Lisboa. Pessoa alugou um andar para a família reunida ele, a mãe, a meia irmã e os dois irmãos  na Rua Coelho da Rocha, n.º 16, naquela que é hoje a Casa Fernando Pessoa. Foi aí que Pessoa passou os últimos quinze anos da sua vida convivendo muito com a mãe, que morreu em 1925, e com a meia irmã, o cunhado e os dois filhos do casal (os meios irmãos de Pessoa emigraram para Inglaterra), embora também passasse longos tempos na casa sozinho. Familiares de Pessoa descreveram-no como afectuoso e bem humorado, mas muito reservado. Ninguém fazia ideia de quão imenso e variado era o universo literário acumulado na grande arca onde ia guardando os seus escritos ao longo dos anos.

O conteúdo dessa arca que hoje constitui o Espólio de Pessoa na Biblioteca Nacional de Lisboa compreende mais de 25 mil folhas com poesia, peças de teatro, contos, filosofia, crítica literária, traduções, teoria linguística, textos políticos, horóscopos e outros textos sortidos, tanto dactilografados como escritos ou rabiscados ilegivelmente à mão, em Português, Inglês e Francês. Pessoa escrevia em cadernos de notas, em folhas soltas, no verso de cartas, em anúncios e panfletos, no papel timbrado das firmas para as quais trabalhava e dos cafés que frequentava, em sobrescritos, em sobras de papel e nas margens dos seus textos antigos. Para aumentar a confusão, escreveu sob dezenas de nomes, uma prática ou compulsão que começou na infância. Chamou heterónimos aos mais importantes destes «outros eus», dotando-os de biografias, características físicas, personalidades, visões políticas, atitudes religiosas e actividades literárias próprias. Algumas das mais memoráveis obras de Pessoa escritas em Português foram por ele atribuídas aos três principais heterónimos poéticos Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos e ao «semi-heterónimo» Bernardo Soares, enquanto muitos poemas e alguma prosa em Inglês foram assinados por Alexander Search e Charles Robert Anon. Jean Seul, o solitário heterónimo francês, era ensaísta. Os muitos outros alter-egos de Pessoa incluem tradutores, escritores de contos, um crítico literário inglês, um astrólogo, um filósofo, um frade e um nobre infeliz que se suicidou. Havia até um seu «outro eu» feminino: uma pobre corcunda com tuberculose chamada Maria José, perdidamente enamorada de um serralheiro que passava pela janela onde ela sempre estava, olhando e sonhando.

Hoje, mais de setenta e cinco anos após a morte de Pessoa, o seu vasto mundo literário ainda não está completamente inventariado pelos estudiosos, e uma importante parte das suas obras em prosa continua à espera de ser publicada.

Casa Fernando Pessoa

|Casafernandopessoa.pt|

Na Casa Fernando Pessoa conservamos, preservamos e divulgamos o legado de Fernando Pessoa, cujo espólio documental foi classificado Tesouro Nacional.

Lugar de duas bibliotecas – uma biblioteca pública, especializada em Fernando Pessoa e poesia mundial e a Biblioteca Particular de Fernando Pessoa – a Casa acolhe e mostra também objetos, mobiliário e documentos do escritor, bem como uma coleção de obras de arte, composta por trabalhos de artistas de diferentes gerações e correntes.

Os livros que pertenceram a Fernando Pessoa são o maior acervo que guardamos e divulgamos. Permitem-nos conhecer o universo criativo do escritor, revelando o seu lado leitor. Acompanhando a pesquisa e o novo conhecimento sobre a obra de Fernando Pessoa, colaboramos regularmente com investigadores.

A Casa Fernando Pessoa é uma casa aberta à comunidade e à colaboração com parceiros. Trabalhamos para todos os níveis de ensino – do pré-escolar ao superior – e procuramos aproximar a literatura e a poesia dos vários públicos, do nosso bairro ao outro lado do mundo.

 Dentro ou fora de portas, a partir da cidade onde nasceu o escritor, atuamos no sentido de despertar curiosidade e convidar à descoberta de Fernando Pessoa, da poesia, da literatura – e dos seus efeitos criativos.

Modernismo Na Literatura

|Infopédia|

O modernismo na literatura foi praticado por duas gerações de intelectuais ligados a duas publicações literárias: um primeiro modernismo surgido em 1915, em torno da revista Orpheu; um segundo modernismo organizado em 1927, em torno da revista Presença.

Ainda antes destas, surgiram em Portugal revistas que propunham diferentes soluções estéticas e políticas para recuperar o atraso português a este nível, como a Nação Portuguesa, de feição conservadora, e a Seara Nova, de tendências mais progressistas e democráticas. Nesta revista colaboraram investigadores como o historiador Jaime CortesãoAntónio Sérgio e os escritores Aquilino Ribeiro e Raul Brandão.

Os únicos dois números de Orpheu - Revista Trimestral de Literatura, lançados em Março e Junho de 1915, marcaram a introdução do modernismo em Portugal. Tratava-se de uma revista onde Mário de Sá-CarneiroAlmada Negreiros e Fernando Pessoa, entre outros intelectuais de menor vulto, subordinados às novas formas e aos novos temas, publicaram os seus primeiros poemas de intervenção na contestação da velha ordem literária; o primeiro número provocou o escândalo e a troça dos críticos, conforme era desejo dos autores; o segundo número, que já incluiu também pinturas futuristas de Santa-Rita Pintor, suscitou as mesmas reações. Perante o insucesso financeiro, a revista teve de fechar portas, pois quem custeava as publicações era o pai de Mário de Sá Carneiro e este cometeu suicídio em 1916. No entanto, não se desfez o movimento organizado em torno da publicação. Pelo contrário, reforçou-se com a adesão de novos criadores e passou a desenvolver intensa actividade na denúncia inconformista da crise de consciência intelectual disfarçada pela mediocridade académica e provinciana da produção literária instalada na cultura portuguesa desde o fim da geração de 70, de que Júlio Dantas (alvo do Manifesto Anti-Dantas, de Almada) constituía um bom exemplo.

A revista Presença - Folha de Arte e Crítica, foi fundada em 1927, em Coimbra, por Branquinho da FonsecaJoão Gaspar Simões e José Régio. Não obstante ter passado tempos difíceis, não só financeira como intelectualmente, foi publicada até 1940 demonstrando grande longevidade. O movimento que surgiu em torno desta publicação inseriu-se intelectualmente na linha de pensamento e intervenção iniciada com o movimento Orpheu, que acabou por integrar. Continuou a luta pela crítica livre contra o academismo literário e, inspirados na psicanálise de Freud, os seus intelectuais bateram-se pelo primado do individual sobre o coletivo, do psicológico sobre o social, da intuição sobre a razão. Além da produção nacional, a presença divulgou também textos de escritores europeus, sobretudo franceses. Alguns dos escritores deste Segundo Modernismo foram: Miguel TorgaAdolfo Casais MonteiroAquilino RibeiroFerreira de CastroVitorino NemésioPedro Homem de MelloTomás de Figueiredo e Eça Leal.

Fernando-Pessoa-crono.png
vida-oculta-fernando-pessoa-detalhe.jpg
894a0467ad9010f4fe67ffbaba8ab7c7_XL.jpg

Alberto Caeiro

|Multipessoa.net|

Alberto Caeiro da Silva nasceu em Lisboa a (. . .) de Abril de 1889, e nessa cidade faleceu, tuberculoso, em (. . .) de (. . .) 1915. A sua vida, porém, decorreu quase toda numa quinta do Ribatejo (?); só os últimos meses dele foram de novo passados na sua cidade natal. Ali foram escritos quase todos os seus poemas, os do livro intitulado O Guardador de Rebanhos, os do livro, ou o quer que fosse, incompleto, chamado O Pastor Amoroso, e alguns, os primeiros, que eu mesmo, herdando-os para publicar, com todos os outros, reuni sob a designação, que Álvaro de Campos me sugeriu bem, de Poemas Inconjuntos. Os últimos poemas, a partir daquele numerado (. . ), são porém produto do último período da vida do autor, de novo passado em Lisboa. Julgo de meu dever estabelecer esta breve distinção, pois alguns desses últimos poemas revelam, pela perturbação da doença, uma novidade um pouco estranha ao carácter geral da obra, assim em natureza como em direção. A vida de Caeiro não pode narrar-se pois que não há nela de que narrar. Seus poemas são o que houve nele de vida. Em tudo mais não houve incidentes, nem há história. O mesmo breve episódio, improfícuo e absurdo, que deu origem aos poemas de O Pastor Amoroso , não foi um incidente, senão, por assim dizer, um esquecimento. A obra de Caeiro representa a reconstrução integral do paganismo, na sua essência absoluta, tal como nem os gregos nem os romanos, que viveram nele e por isso o não pensaram, o puderam fazer. A obra, porém, e o seu paganismo,não foram nem pensados nem até sentidos: foram vindos com o que quer que seja que é em nós mais profundo que o sentimento ou a razão. Dizer mais fora explicar, o que de nada serve; afirmar menos fora mentir.

Toda obra fala por si, com a voz que lhe é própria, e naquela linguagem em que se forma na mente, quem não entende não pode entender, e não há pois que explicar-lhe. É como fazer compreender a alguém um idioma que ele não fala. Ignorante da vida e quase ignorante das letras, sem convívio nem cultura, fez Caeiro a sua obra um progresso imperceptível e profundo, como aquele que dirige, através das consciências inconscientes dos homens, o desenvolvimento lógico das civilizações. Foi um progresso de sensações, ou, antes, de maneiras de as ter, e uma evolução íntima de pensamentos derivados de tais sensações progressivas.

Por uma intuição sobre-humana, como aquelas que fundam religiões, porém a que não assenta o título de religiosa, por isso que repugna toda a religião e toda a metafísica, este homem descreveu o mundo sem pensar nele, e criou um conceito do universo que não contém uma interpretação. Pensei, quando primeiro me foi entregada a empresa de publicar estes livros, em fazer um largo estudo crítico e excursivo sobre a obra de Caeiro e a sua natureza e natural destino. Porém não pude fazer estudo algum que me satisfizesse. Pesa-me que a razão me compila a dizer estas nenhumas palavras (este pouco de palavras) ante a obra do meu Mestre, de não poder escrever, de útil ou de necessário, mais que disse, com o coração, na Ode (. . .) do Livro I meu, com a qual choro o homem que foi para mim, como virá a ser para mais que muitos, o revelador da Realidade, ou, como ele mesmo disse, «o Argonauta das sensações verdadeiras» — o grande Libertador, que nos restituiu, cantando, ao nada luminoso que somos, que nos arrancou à morte e à vida, deixando-nos entre as simples coisas, que nada conhecem, em seu decurso, de viver nem de morrer; que nos livrou da esperança e da desesperança, para que nos não consolemos sem razão nem nos entristeçamos sem causa; convivas com ele, sem pensar, da necessidade objectiva do Universo.

Arte_Pintura_Grémio_Artístico_Silva_Port

Dor de Pensar

|Oficina de Psicologia|

Já Fernando Pessoa, tal como muitos dos nossos pacientes, sentia uma dor de pensar, e pensava para não sentir.

A dor está no sentir ou no pensar?

A resposta à pergunta é apenas: só dói pensar porque dói sentir.

Por vezes pensar dói, mas parece que dói ainda mais sentir, e busca-se na razão e nos pensamentos uma forma de afastar os sentimentos, a imaginação e os sonhos.

A poesia de Pessoa revela a sua solidão interior, a angústia de não saber quem é e qual a razão da sua existência, as suas interrogações filosóficas e as suas inquietações. Tal como Pessoa, chegam a consulta muitos pacientes com uma grande solidão e angústia, que buscam na racionalização respostas para os seus problemas, tentando fugir à dor do sentir.

Revela-se esta dor pois o pensamento traz assim à memória todas as angústias e frustrações. O problema com que se deparam é que quanto mais pensam, mais sofrem e mais se dão conta das emoções que apertam o coração e a mente.

A mente traz a razão, a informação e o conhecimento, e com isto vem a consciência da realidade, das coisas boas e más, das dificuldades e das soluções, do que se controla e não se controla e assim vão crescendo cada vez mais preocupações, obsessões…

Existem assim várias perturbações mentais que se podem desenvolver com base na dor de pensar: ansiedade extrema que se converte em obsessões; sofrimento que se fragmenta em múltiplos pesadelos, sonhos que se transformam em alucinações, ou até depressões que se afundam numa dor emocional e inclusivamente física.

Mas os bons pensamentos trazem boas emoções, trazem alegria e sanam a dor. Os bons pensamentos constroem-se, aprendem-se, vivem-se e partilham-se, e vão-se multiplicando a cada experiência e relação positiva, tal como é a relação terapêutica.

No fundo, o pensamento não vive sem a emoção e a emoção não vive sem o pensamento. Em terapia trabalham-se os dois, de mãos dadas e em simultâneo. Quando evitamos um deles, o outro revela-se ainda mais intensamente.

640x640_632519.jpg

Ricardo Reis

|Arquivo Pessoa|

O Dr. Ricardo Reis nasceu dentro da minha alma no dia 29 de Janeiro de 1914, pelas 11 horas da noite. Eu estivera ouvindo no dia anterior uma discussão extensa sobre os excessos, especialmente de realização, da arte moderna. Segundo o meu processo de sentir as coisas sem as sentir, fui-me deixando ir na onda dessa reacção momentânea. Quando reparei em que estava pensando, vi que tinha erguido uma teoria neoclássica, e que a ia desenvolvendo. Achei-a bela e calculei interessante se a desenvolvesse segundo princípios que não adopto nem aceito. Ocorreu-me a ideia de a tornar um neoclassicismo «científico» [...] reagir contra duas correntes — tanto contra o romantismo moderno, como contra o neoclassicismo à Maurras. [...]

320-ricardoreis.jpg

Geração d'Orpheu

|Geni.com|

img_6764.jpg

A Geração de Orpheu foi o grupo responsável pela introdução do Modernismo nas artes e letras portuguesas. O nome advém da revista literária Orpheu, publicada em Lisboa no ano de 1915.

Seguindo as vanguardas europeias do início do século XX, nomeadamente o Futurismo, os colaboradores da revista Orpheu propuseram-se, de acordo com uma citação de Maiakovsky que Almada Negreiros terá usado mais tarde para caracterizar o Grupo, "dar uma bofetada no gosto público". Apesar disto, mantiveram influências de movimentos anteriores, tal como o Simbolismo e o Impressionismo.

Poetas como Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros, e pintores como Amadeo de Souza-Cardoso e Santa Rita Pintor reuniram-se em torno duma revista de arte e literatura cuja principal função era agitar as águas, subverter, escandalizar o burguês e pôr todas as convenções sociais em causa: o próprio nome "Orpheu" não fôra escolhido por obra do acaso - Orpheu era o mítico músico grego que, para salvar a sua mulher Eurydice do Hades, teria de a trazer de volta ao mundo dos vivos sem nunca olhar para trás.

E era essa metáfora que importava aos homens da Orpheu, esse não olhar para trás, esse esquecer, esse olvidar do passado para concentrar as atenções e as forças no caminho para diante, no futuro, na "edificação do Portugal do séc. XX" (Almada Negreiros). A Geração de Orpheu não contribuiu só para a modernização da Arte em Portugal mas foi responsável pela divulgação de alguns dos melhores artistas do mundo.

vida-oculta-fernando-pessoa-detalhe.jpg

Álvaro de Campos

|Casa Fernando Pessoa|

Álvaro de Campos nasceu em Tavira no dia 15 de Outubro de 1890 à 1.30 da tarde.

Teve «uma educação vulgar de liceu; depois foi mandado para a Escócia estudar engenharia, primeiro mecânica e depois naval. Numas férias fez a viagem ao Oriente de onde resultou o Opiário. Ensinou-lhe Latim um tio beirão que era padre.»

De tipo vagamente judeu português, com a pele entre branca e morena, cabelo liso e normalmente apartado ao lado, usa monóculo.

Na Carta a Adolfo Casais Monteiro, de 13 de Janeiro de 1935, que Fernando Pessoa compõe sobre a génese da heteronímia e que serve de fonte a este texto, diz que escreve em nome de Campos, «quando sinto um súbito impulso para escrever e não sei o quê». Acrescenta o escritor que «de repente, e em derivação oposta à de Ricardo Reis, surgiu-me impetuosamente um novo indivíduo. Num jacto, e à máquina de escrever, sem interrupção nem emenda, surgiu a "Ode Triunfal" de Álvaro de Campos — a Ode com esse nome e o homem com o homem que tem».

1º Período

1º Período

2º/3º Período

2º/3º Período

Maria Judite de Carvalho

|Instituto Camões|

Nasceu em Lisboa. Frequentou o curso de Filologia Germânica. Em 1949, ano em que se casou com o professor universitário e escritor Urbano Tavares Rodrigues, foi viver para França, em Montpellier e a seguir em Paris. Foi após o regresso de França,. em1959, publicou Tanta Gente Mariana, uma obra considerada pela imprensa da época como uma revelação. Dois anos depois, As Palavras Poupadas mereceu o Prémio Camilo Castelo Branco. Contudo, MJC publicara  em 1949 o seu primeiro conto na revista Eva e em 1953 enviara as «Crónicas de Paris» para a mesma revista. A partir de 1968 foi redactora dos jornais Diário de Lisboa (1968-75), da revista Eva (até 1975) e de O Jornal (1976 a1983). Colaborou, regularmente, com o «Suplemento Mulheres» do Diário de Lisboa, onde adoptou o pseudónimo Emília Bravo, e escreveu esporadicamente para os jornais República e O Século. Ainda se registam textos escritos para as revistas O Escritório (1971 a 1974), Mulheres (1978), Silex nº3 (1980), Come e Cala (1981 a 1982).

As histórias escritas nos jornais e nas revistas constituem, hoje, documentos fundamentais para o estudo do conjunto da obra, que integra volumes de crónicas, contos, novelas, romance, poesia e teatro.

22297244_770x433_acf_cropped.jpg
IMGM. Fonseca - Cópia.jpg

Manuel Fonseca

|Lusofonia Poética|

Manuel Lopes Fonseca, mais conhecido como Manuel da Fonseca nasceu em Santiago do Cacém a 15 de Outubro de 1911 e faleceu em Lisboa no dia 11 de Março de 1993.

Escritor, poeta, contista, romancista e cronista, foi membro do Partido Comunista Português (PCP), Manuel da Fonseca fez parte do grupo do Novo Cancioneiro e é considerado por muitos como um dos melhores escritores do neo-realismo português.

Nas suas obras, carregadas de intervenção social e política, relata como poucos a vida dura do Alentejo e dos alentejanos.

Era presidente da Sociedade Portuguesa de Escritores quando esta atribuiu o Grande Prémio da Novelística a José Luandino Vieira pela sua obra Luanda, o que levou ao encerramento desta instituição.

Miguel Torga

|Universidade de Coimbra|

Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia Rocha, (São Martinho de Anta, Vila Real, 12 de Agosto de 1907 — Coimbra, 17 de Janeiro de 1995) foi um dos mais importantes escritores portugueses do século XX.

De origem humilde, e após uma breve passagem pelo seminário de Lamego, emigrou para o Brasil em 1920, com 12 anos, para trabalhar na fazenda do tio, na cultura do café. O tio apercebe-se do seu talento e patrocina-lhe os estudos liceais, em Leopoldina, onde se distingue como um aluno dotado. Em 1925 regressa a Portugal. Em 1927 é fundada a revista Presença de que é um dos colaboradores desde o início. Em 1928 entra para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e publica o seu primeiro livro, "Ansiedade", de poesia. É bastante crítico da praxe e tradições académicas, e chama depreciativamente "farda" à capa e batina, mas ama a cidade de Coimbra, onde viria também a exercer a sua profissão de médico a partir de 1939 e onde escreve a maioria dos seus livros. Em 1933 concluiu a formatura em Medicina, com apoio financeiro do tio do Brasil. Exerceu no início nas terras agrestes trasmontanas, de onde era originário e que são pano de fundo da maior parte da sua obra.

260.jpg
eugenio_andrade.jpeg

Eugénio de Andrade

|Ebiografias|

Eugénio de Andrade (1923-2005) foi um dos maiores poetas portugueses contemporâneos. Tem obras publicadas em várias línguas. Recebeu o Prêmio Camões, em 2001.

Eugénio de Andrade (1923-2005), pseudônimo de José Frontinhas Neto, nasceu em Póvoa de Atalaia, pequena aldeia da Beira Baixa, Portugal, no dia 19 de janeiro de 1923. Filho de camponeses, após a separação dos pais, passou sua infância em companhia da mãe. Com sete anos de idade muda-se com a mãe para Castelo Branco. Em 1932 muda-se para Lisboa, onde frequenta o Liceu Passos Manuel e a Escola Técnica Machado de Castro. Em 1935 já mostrava seu interesse pela leitura, passando horas nas bibliotecas públicas. Em 1936 começa a escrever seus primeiros poemas.

Em 1938 envia alguns poemas para o poeta Antônio Bolto, que logo quer conhecê-lo. Em 1939 publicou seu primeiro poema “Narciso”. Pouco tempo depois passa a assinar com o nome “Eugénio de Andrade”. Em 1943 ele vai para Coimbra, onde permanece até 1946, após cumprir o serviço militar. Eugénio de Andrade faleceu em Porto, Portugal, no dia 13 de junho de 2005.

Vasco Graça Moura

|Escritas.Org|

Escritor, poeta e tradutor português, natural do Porto. Licenciado em Direito, actividade que chegou a exercer, foi secretário de estado da Segurança Social do IV Governo Provisório e secretário de estado dos Retornados do VI Governo Provisório. Nomeado director de programas da RTP, em 1978, nesse mesmo ano passou à Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cuja área editorial administrou até 1988. Entre 1988 e 1995 foi presidente da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. É autor de obras de ensaio, poesia, romance, e ainda de traduções. Paralelamente, tem desenvolvido uma ampla intervenção pública como comentador e analista político. A sua obra iniciou-se em 1963, com o título Modo Mudando, a que se seguiram O Mês de Dezembro (1977), Instrumentos para a Melancolia (1980), A Variação dos Semestres deste Ano; 365 Versos (1981), Nó Cego, o regresso (1982), Os Rostos Comunicantes (1984), A Sombra das Figuras (1985), A Furiosa Paixão pelo Tangível (1987), O Concerto Campestre (1993), Sonetos Familiares (1994), Poemas Escolhidos 1963-1995 (1996), Poemas com Pessoas (1997), Uma Carta no Inverno (1997, prémio de Poesia APE/CTT de 1997) e Retrato de Francisca Matroco e Outros Poemas (1998). Entre os seus ensaios encontram-se David Mourão-Ferreira ou a Mestria de Eros (1978), Camões e a Divina Proporção (1985), Os Penhascos e a Serpente e Outros Ensaios Camonianos (1987), Várias Vozes (1987), Retrato de Isabel e Outras Tentativas (1994) e Contra Bernardo Soares e Outras Observações (1999). Na sua vasta obra encontramos igualmente obras de ficção, entre as quais Quatro Últimas Canções (1987), Naufrágio de Sepúlveda (1988), Partida de Sofonista às Seis e Doze da Manhã (1993) e A Morte de Ninguém (1998). Vasco Graça Moura escreveu ainda uma peça de teatro (Ronda dos Meninos Expostos, 1987), um diário (As Circunstâncias Vividas, 1995) e as crónicas de Papéis de Jornal (1995). Distinguindo-se publicamente como tradutor, amplamente consagrado, as suas traduções da Vita Nuova e da Divina Comédia de Dante (1995) mereceram-lhe a atribuição do Prémio Pessoa, em 1995. Em 2000, publica Poesia 1997-2000, seguido do romance Meu Amor, era de Noite (2001)

transferir.jpeg

José Saramago

|Fundação José Saramago|

1_ZySud-_W7k0E1UkRMRYzpQ.jpeg

Filho e neto de camponeses, José Saramago nasceu na aldeia de Azinhaga, província do Ribatejo, no dia 16 de Novembro de 1922, se bem que o registo oficial mencione como data de nascimento o dia 18. Os seus pais emigraram para Lisboa quando ele não havia ainda completado dois anos. A maior parte da sua vida decorreu, portanto, na capital, embora até aos primeiros anos da idade adulta fossem numerosas, e por vezes prolongadas, as suas estadas na aldeia natal.

Fez estudos secundários (liceais e técnicos) que, por dificuldades económicas, não pôde prosseguir. O seu primeiro emprego foi como serralheiro mecânico, tendo exercido depois diversas profissões: desenhador, funcionário da saúde e da previdência social, tradutor, editor, jornalista. Publicou o seu primeiro livro, um romance,  Terra do Pecado, em 1947, tendo estado depois largo tempo sem publicar (até 1966). Trabalhou durante doze anos numa editora, onde exerceu funções de direcção literária e de produção. Colaborou como crítico literário na revista  Seara Nova. Em 1972 e 1973 fez parte da redacção do jornal Diário de Lisboa, onde foi comentador político, tendo também coordenado, durante cerca de um ano, o suplemento cultural daquele vespertino.

Pertenceu à primeira Direcção da Associação Portuguesa de Escritores e foi, de 1985 a 1994, presidente da Assembleia Geral da Sociedade Portuguesa de Autores. Entre Abril e Novembro de 1975 foi director-adjunto do jornal  Diário de Notícias. A partir de 1976 passou a viver exclusivamente do seu trabalho literário, primeiro como tradutor, depois como autor. Casou com Pilar del Río em 1988 e em Fevereiro de 1993 decidiu repartir o seu tempo entre a sua residência habitual em Lisboa e a ilha de Lanzarote, no arquipélago das Canárias (Espanha). Em 1998 foi-lhe atribuído o Prémio Nobel de Literatura.

José Saramago faleceu a 18 de Junho de 2010.

Epicurismo e Estoicismo

|Ricardo Reis Blogspot|

320-ricardoreis.jpg

O epicurismo e o estoicismo têm como característica comum garantir ao homem o bem supremo, a serenidade, a paz, a apatia.

Relativamente ao epicurismo, filosofia moral de Epicuro (341-270 a.C.), defendia o prazer como caminho da felicidade. Para que a satisfação dos desejos seja estável é necessário um estado de ataraxia, isto é, de tranquilidade e sem qualquer perturbação. O poeta romano Horácio seguiu de perto este pensamento de defesa do prazer do momento, ao considerar o "Carpe Diem" ( "aproveita o dia", "colhe o momento") como necessário à felicidade. No epicurismo não se trata do prazer imediato, como é desejado pelo homem vulgar; trata-se do prazer imediato, reflectido, avaliado pela razão, escolhido prudentemente. É preciso dominar os prazeres, e não se deixar por eles dominar. O prazer espiritual diferenciar-se-ia do prazer sensível, porquanto o primeiro se estenderia também ao passado e ao futuro e transcende o segundo, que é unicamente presente. O seu objectivo acima de tudo era libertar as pessoas do medo da morte, pois nãopodemos fugir do nosso destino, devendo tirar o melhor partido da única vida que temos, devendo, para tal, desfrutar dos nossos prazeres com moderação.

Referente ao estoicismo, considera ser possível encontrar a felicidade desde que se viva em conformidade com as leis do destino que regem o mundo, permanecendo indiferente aos males e paixões, que são perturbações da razão. O ideal ético é a apatia, que se define como a ausência de paixão permitindo a liberdade, mesmo sendo escravo. Dado que a natureza é governada por princípios racionais, há razões para que tudo seja como é. Não podemos desejar mudar isso, pois a nossa atitude perante a nossa mortalidade, ou o que nos parece ser uma tragédia pessoal deveria ser de serena aceitação. A vida ideal que aspira à liberdade e à paz como bens supremos, consistiria na renúncia a todos os desejos possíveis, aos prazeres positivos, físicos e espirituais; e, por conseguinte, em vigiar-se, no precaver-se contra as surpresas irracionais do sentimento, da emoção, da paixão. Não ser perturbado no espírito, renunciando a todos os desejos possíveis, visto ser o desejo inimigo do sossego: eis as condições fundamentais da felicidade, que é precisamente liberdade e paz.

Assim sendo, para enfrentar o medo da morte, é preciso viver cada instante que passa, sem pensar no futuro, numa perspectiva epicurista do "Carpe Diem". No entanto, essa vivência do prazer de cada momento tem que ser feita de forma disciplinada, digna, encarando com grandeza e resignação esse Destino de precariedade, numa perspectiva que tem raízes no estoicismo.
O único bem é o prazer, como o único mal é a dor; nenhum prazer deve ser recusado, a não ser por causa de consequências dolorosas, e nenhum sofrimento deve ser aceite, a não ser em vista de um prazer, ou de nenhum sofrimento menor.
A serenidade do sábio não é perturbada pelo medo da morte, pois todo mal e todo bem se acham na sensação, e a morte é a ausência de sensibilidade, portanto, de sofrimento. Nunca nos encontraremos com a morte, porque quando nós somos, ela não é, quando ela é nós não somos mais.
Em relação a Ricardo Reis e estas temáticas, procura o prazer nos limites do ser humano face ao destino e à brevidade da vida. Faz a apologia da indiferença solene diante do poder dos deuses e do destino inelutável. Considera que a verdadeira sabedoria de vida é viver de forma equilibrada e serena, "sem desassossegos grandes", "Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos./ Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio./ Mais vale saber passar silenciosamente/ E sem desassossegosgrandes.".

Acontecimentos 1936

|Fundação Mário Soares|

fr-1936.jpg
bottom of page